Intercorrências do uso do ácido hialurônico na realização de preenchimentos faciais na Odontologia

(Texto baseado na revisão de literatura sobre as intercorrências do uso do ácido hialurônico na realização de preenchimentos faciais e sobre o correto manejo profissional diante a estas complicações).

Apesar de se tratar de substância reabsorvível pelo organismo e de a maioria dos efeitos adversos ser apenas inestética, algumas complicações demandam tratamento agressivo e rápido, de forma a diminuir o risco de sequelas mais graves e até mesmo risco iminente de vida.

Os poucos eventos adversos (EA) decorrem de técnica incorreta da quantidade de material utilizado, dispositivo de injeção, velocidade da injeção entre outros, como AH em posicionamento em região não indicada ou plano de aplicação contraindicado (MONTEIRO, 2014).

O plano correto para a aplicação do produto é crítico para minimizar os eventos adversos, como a injeção superficial. Alguns sinais visuais ajudam o profissional a reconhecer o plano de injeção, já que nos planos superficiais, a cor cinzenta da agulha pode ser observada, enquanto a pele empalidece. Na derme profunda a cor cinzenta da agulha não é vista, mas o formato da agulha é reconhecível. O plano supraperiosteal é alcançado com inserção da agulha perpendicularmente à pele até que o periósteo possa ser sentido com sua ponta (PARADA, et al., 2016).

As complicações do preenchimento de AH podem ser divididas em complicações iniciais e tardias de acordo com o tempo de aparecimento dos sinais e sintomas (ABDULJABBAR e BASENDWH, 2016) e (CROCCO, et al., 2012). As complicações de início precoce geralmente aparecem de horas a dias após o procedimento, enquanto as complicações de início tardio se apresentam de semanas a anos após a injeção de preenchimento de AH (ABDULJABBAR e BASENDWH, 2016).

A oclusão vascular é a complicação mais preocupante em relação às injeções AH e resulta da injeção intravascular direta ou da compressão dos vasos pelo preenchedor injetado. Pode resultar em necrose da pele se for localizada, ou com oclusão distante, causar cegueira ou eventos isquêmicos cerebrais (ABDULJABBAR e BASENDWH, 2016).

Acidentes vasculares são melhor evitado com conhecimento da anatomia

vascular,  formação adequada, e técnica apropriada. Vários autores descrevem meios para diminuir esse risco. Dentre estes incluem aspiração antes da injeção, injeção lenta com pressão mínima e entrega de material em diferentes pontos e em pequenos volumes por passagem. (SIGNORINI, 2016)

Os edemas na maioria das vezes  são imediatos Ocorrem como resposta à injúria tecidual e pela propriedade hidrofílica do produtos.Deve-se aplicar gelo durante intervalo de cinco a dez minutos e manter a cabeça elevada. Regridem em horas ou no máximo um ou dois dias. O edema pode ser evitado ou minimizado pelo uso de anestésico com epinefrina, corticoides, compressa fria e menor número de punções na pele (CROCCO, et al., 2012).

As infecções de início rápido apresentam endurecimento, eritema, sensibilidade e prurido, mas podem ser indistinguíveis da resposta transitória pós¬-procedimento. Podem ocorrer nódulos flutuantes e sintomas sistêmicos como febre e calafrios. O ideal é realizar a cultura e fazer a medicação adequada e abscessos devem ser drenados. Em caso de infecção duradoura ou com má resposta à medicação antimicrobiana, deve ser considerada a presença de infecções atípicas e biofilme (PARADA, et al., 2016).

O uso da antibioticoterapia é indicado se sinais ou sintomas de infecção bacteriana aguda são observados. O antibiótico de primeira escolha geralmente é o Amoxicilina com clavulanato ou Cefalexina. Caso o paciente seja alérgico a penicilina o antibiótico de primeira escolha é o Ciprofloxacino. Se a antibioticoterapia não for bem sucedida e houver formação de abscesso deve-se partir para drenagem e se necessário a hialuronidase. ( VALENÇA, 2019)

A hialuronidase é uma proteína solúvel responsável pela degradação enzimática das glicosaminoglicanas. Degrada o AH por clivagem, hidrolisando o AH e rompendo sua ligação ß-1 entre os resíduos N-acetil-D-glicosamina e o Ácido D-glicurônico, gerando

aumento da permeabilidade na pele e tecido conectivo, pois diminui a viscosidade intercelular. É administrado por via cutânea, tem ação assim que injetada e sua duração varia entre 24 e 48 horas. Após este prazo é inativada no fígado e rins.

Outro tratamento que vem sendo utilizado é a ozonioterapia. O Ozônio é um gás naturalmente encontrado na atmosfera e é formado, na

natureza, através do gás oxigênio (O2) acrescido de um átomo de oxigênio (O),

proveniente da energia de tempestades elétricas. O Ozônio vai atuar estimulando o ciclo de krebs que irá estimular a respiração tecidual. (  ALMEIDA, et al … 2015)

A laserterapia também é utilizada. Segundo a literatura, o uso do laser de baixa intensidade estimula a proliferação dos linfócitos e aumenta sua ativação. Estimula os macrófagos a realizarem fagocitose e também estimula a reabsorção de fibrina e colágeno. Além disso, o uso do laser diminui a síntese de mediadores inflamatórios. ( VALENÇA, 2019).

Outra complicação a ser citada é a parestesia que pode ser causada até mesmo por trauma da agulha. Os tratamentos para parestesia consistem no uso de corticoides orais visando a redução do edema, laserterapia para reparação tecidual, complementação de vitaminas do complexo B, geralmente é utilizado a medicação etna, e caso tenha suspeita de compressão do preenchedor, pode se considerar o uso de hialuronidase (ALMEIDA, et al., 2017)

Conclusão

Com a realização deste trabalho pode-se concluir que o uso do ácido hialurônico vem crescendo cada vez mais. E isso se dá pela busca diária e crescente pelo rejuvenescimento. Apesar de ser considerado um preenchedor padrão ouro, em diversas questões o AH pode apresentar após sua aplicação diversas complicações, e cabe ao cirurgião dentista ter conhecimento anatômico, fisiológico e das complicações que o AH pode acarretar para que consiga lidar com as complicações que o mesmo possa ocasionar.

(Artigo extraído da monografia para aprovação do curso de Harmonização Orofacial da Uniavan de Júnia Guimarães de Oliveira Couto)
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