Ozonioterapia na Prevenção e Controle do Vitiligo – Revisão de Literatura

O vitiligo é uma doença autoimune caracterizada pela deterioração e morte dos melanócitos, o que causa despigmentação de áreas da pele, que podem comprometer a estética facial, configurando-se assim como objeto de estudo da Harmonização Orofacial.

A patogênese e desenvolvimento do vitiligo relacionam-se com fatores genéticos e estresse oxidativo, não sendo claro nem pacificado entres pesquisadores os mecanismos precisos para manifestação e desenvolvimento da doença. Apesar da incerteza da causa primária, genética ou estresse oxidativo, a
associação destes fatores é crucial para que o vitiligo se manifeste, pois não foram encontradas pesquisas que comprovassem a presença do vitiligo em pacientes que apresentassem apenas o fator genético.

Em outras palavras, para que o genótipo do vitiligo se manifeste fenotipicamente, é necessário que o paciente apresente disfunção na homeostase redox, caracterizada pelo acometimento de estresse oxidativo.

A literatura ainda revela o efeito antioxidante da terapia de ozônio. Em que pese a aplicação do ozônio leve o paciente a um estresse oxidativo em um primeiro momento pela alta concentração de espécies reativas de oxigênio (ROS), este estresse é pequeno e controlado e, em um segundo momento, ocorre a peroxidação lipídica, com formação de LOPS, que induzem o organismo à produção de antioxidantes endógenos, como as glutationas peroxidase e redutase, catalase, superóxido dismutase, dentre outras.

ESTRESSE OXIDATIVO – ASPECTOS GERAIS

A conceituação de “estresse oxidativo” pela biologia e medicina redox baseia se nas noções combinadas do equilíbrio redox em estado estacionário dado pelo 3 metabolismo aeróbico, assim como da influência das respostas biológicas ao estresse nas tensões potenciais associadas a tal equilíbrio.

O estresse oxidativo também é definido como a “homeostase redox perturbada, caracterizada pelo desequilíbrio de pró-oxidantes e antioxidantes” (CHEN, 2020).

Espécies Reativas de Oxigênio (ROS), são moléculas quimicamente reativas que contém um átomo de oxigênio e assim como os radicais livres, são os principais causadores de danos oxidativos, por meio de lesões celulares e teciduais.

O estresse oxidativo tem a capacidade de induzir a produção de radicais livres, que podem modificar proteínas que, por sua vez, podem desencadear o processo de ativação de doenças autoimunes.

PATOGÊNESE E DESENVOLVIMENTO DO VITILIGO

Chen conceituou o vitiligo como “uma doença autoimune caracterizada como despigmentação crônica e lesão branca como leite na pele com uma prevalência de 0,5% da população geral” (CHEN, 2020), sendo a morte dos melanócitos o principal fator tanto para o seu aparecimento quanto para o seu desenvolvimento. Importante ressaltar que o vitiligo não acarreta outros sinais e sintomas desconfortáveis, como prurido ou dor, porém seu acometimento deve ser considerado, uma vez que pode  prejudicar a interação social e favorecer o aparecimento de sentimento de baixa auto-estima ou ainda de transtornos psicológicos como ansiedade ou depressão (Chen, 2020).

A perda de melanócitos nos casos de vitiligo tem sua origem em uma associação de fatores que compreende questões genéticas, ambientais, bioquímicas e imunológicas, tornando improvável que a responsabilidade total pela manifestação da doença seja uma única via (Laddha, 2013).

OZONIOTERAPIA

O ozônio, molécula formada por três átomos de oxigênio ligados, dispostos na formação de um triangulo isósceles, possui um par de elétrons na órbita externa  e, mesmo não sendo uma molécula radical, é mais reativo que o oxigênio e dez vezes mais solúvel que este. É altamente instável a 20º C e tem meia vida de aproximadamente 40 minutos. Após dissolvido na água do plasma, atua como um pró-fármaco, pois gera mensageiros químicos que aceleram a transferência de létrons e o metabolismo (Bocci, 2011).

Ao entrar em contato com o sangue, o ozônio reage formando antioxidantes e ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) (Bocci, 2015).

O peróxido de hidrogênio, produto da reação do ozônio no organismo, gera um gradiente que o transfere para as células sanguíneas, onde ocorre a ativação de vários processos bioquímicos e ao mesmo tempo ele sofre redução em água pelo efeito antioxidante intracelular. Assim, este estresse oxidativo agudo e transitório, promove ativação biológica sem toxicidade, desde que a dose administrada seja compatível com a capacidade antioxidante do sangue (Bocci, 2005). Ao entrar na massa dos eritrócitos, o peróxido de hidrogênio ativa a glicólise por meio do aumento transitório de ATP e de 2-3-difosfoglicerato, processo que otimiza a liberação de oxigênio para os tecidos (Bocci, 2015).

OZONIOTERAPIA E ESTRESSE OXIDATIVO

Evidências demonstram que a ozonioterapia estimula a produção endógena de antioxidantes, pelas reações desencadeadas para transformação dos principais 13 produtos que se originam durante a ozonização de lipídios e proteínas, que são: ozônides de Criegee, hidroxihidroperóxidos, H2O2 e aldeídos(Schwartz, 2011).

Um dos efeitos da terapia de ozônio é a otimização dos sistemas oxidantes e antioxidantes do organismo, a qual normaliza o equilíbrio dos níveis de produto de peroxidação de lipídios e sistema de defesa antioxidante. “Em resposta à introdução de ozônio em tecidos e órgãos, há um aumento compensatório, especialmente na 14 atividade de enzimas antioxidantes, superóxido dismutase (SOD), catalase e glutationa peroxidase, que são amplamente representados no músculo cardíaco, fígado, eritrócitos e outros tecidos” (SCHWARTZ, 2011, p.72), uma vez que os plasmas animais tem a capacidade de neutralizar os efeitos deletérios de ROS por meio de um sistema antioxidante articulado e eficiente, o qual engloba compostos solúveis, grupos de proteínas, quelantes protéicos e enzimas (Bocci, 1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi analisado, há evidências sólidas de que o estresse oxidativo é condição primordial para a manifestação e desenvolvimento do vitiligo, ainda que devendo estar associado ao fator genético.
Fica evidente também a eficácia reduzida do uso de suplementos antioxidantes para a regeneração dos danos provocados pelo estresse oxidativo tanto nas macromoléculas quanto no DNA celular.
16  A literatura ainda comprova o reequilíbrio do sistema redox em pacientes submetidos à ozonioterapia, bem como elucida os mecanismos de alcance deste equilíbrio, descrevendo as reações desencadeadas pela presença do gás ozônio no organismo, levando-o ao aumento da produção de antioxidantes endógenos e biomodulando o sistema imunológico.

Desta forma, pela literatura, torna-se plausível e viável a adoção da ozonioterapia como alternativa na prevenção, manejo e controle do vitiligo, sugerindo-se a realização de um estudo clínico que demonstre o grau de eficácia da terapia para estagnação ou regressão da doença.

Texto extraído do TCC da aluna CPCD\UNIAVAN
Dra. Débora Cristina Carvalho Brandão
(Coloboraçao editorial : Dra Soraia Amaral Rocha Oliveira)

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